18 dezembro 2010

E a educação....ou a falta dela.

Bom... é realmente complicado saber até onde podemos compreender a falta de educação e a falta de delicadeza. Um fato extremamente desagradável aconteceu hoje a tarde e me coloca sempre a pensar sobre como as pessoas não tem o mínimo trato para tratar com os outros seres humanos, que no fundo são todos iguais.
Após o trabalho passei em um pequeno mercado que temos aqui no bairro. Estava pensando em preparar um delicioso jantarzinho neste sábado com clima gostoso e tranquilo.
Então, continuando, ao chegar ao mercadinho percebi que estava já um pouco lotado. E da porta vislumbrei a Vera. Sempre fora uma mulher bonita. Aliás muito bonita. Ela tinha aquela altivez, aquela beleza cativante, alem de ser muito simpática e educada. Conheço-a, mais ou menos, uns 20 anos. Nunca tivemos grande intimidade, pois somente a mãe dela morava aqui, mas costumamos trocar algumas conversas. cerca de três anos ela se mudou para morar com a mãe. Sabemos alguns boatos, é claro. Que ela fora abandonada pelo marido, com um forte golpe financeiro e que agora estava trabalhando e ganhando muito pouco. Antes ela andava em carros novos, bem vestida, maquilada. Onde passava deixava o rastro do perfume. Porem com todo o sofrimento que passou, ela se havia adquirido muitos quilos a mais, não se veste tao bem, tem olhos tristes.
Quanto entrei percebi, ao canto um casal que conhecia bem. Os cumprimentei, falei com alguns outros conhecidos. E, ali, na espera da fila do açougue, entao aconteceu a cena desagradável. Uma das mulheres, com aquele desdém, a olha bem nos olhos e diz: Poxa, Vera, como você esta gorda e velha, hem..O que você fez.
Pense no constrangimento geral. As pessoas não sabiam o que comentar ou onde enfiar a cabeça. O marido da Dona Linguaruda, correu no socorro.
Mas não precisava dizer nada.
Porque Vera também não disse nada. Se limitou a balançar a cabeça em concordancia e dar um sorriso amarelo. Quando olhou em minha direçao senti a dor e a vergonha estampada nos olhos opacos.

14 dezembro 2010

Deus e eu no Sertao.

Nunca fui uma grande fã de musica sertaneja.
Claro que morando onde moro o que mais se esperaria era que eu simplismente adorasse.
Mas ainda prefiro um rock calmo, MPB.
Mas tem algumas musicas que simplismente me conquistam a alma.
Tenho varias preferidas.
Outro dia tava assistindo um programa regional que temos aqui em nosso estado e uma cantora da nossa terrinha vermelha e quente estava interpretando esta musica da dupla Victor e Leo.
A letra é tao agradavel, tao boa de ouvir. Foi como me transportar para o mundo que ela descreve.
Eu rapidamente baixei e agora volta e meia estou cá a ouvi-la e sonhar com este mundo que eles criaram com a paz, a tranquilidade o Amor retratada nestes versos.
Entao..esta é a minha homenagem...e desejo a todos neste proximo ano pelo menos um dia destes que eles cantam...

Deus E Eu No Sertão

Victor e Leo

Composição: Victor Chaves

Nunca vi ninguém
Viver tão feliz
Como eu no sertão

Perto de uma mata
E de um ribeirão
Deus e eu no sertão

Casa simplesinha
Rede pra dormir
De noite um show no céu
Deito pra assistir

Deus e eu no sertão

Das horas não sei
Mas vejo o clarão
Lá vou eu cuidar do chão

Trabalho cantando
A terra é a inspiração
Deus e eu no sertão

Não há solidão
Tem festa lá na vila
Depois da missa vou
Ver minha menina

De volta pra casa
Queima a lenha no fogão
E junto ao som da mata
Vou eu e um violão

Deus e eu no sertão

13 dezembro 2010

Marilia

Novembro de 1994.
Com 17 anos e o casamento marcado para dali apenas 3 semanas, Marilia sentia uma grande opressao.
Se sentira muito pressionada a aceitar o pedido de casamento apos ter feito amor com o namorado.
Ainda, em pequenas cidades como a que ela vivia, uma moça que perdesse a virgindade era vista com maus olhos, e as velhas fofoqueiras adorariam mais um motivo para estarem tagarelando sentada nas portas aos finais de tarde.
As amigas, com certeza, seriam impedidas de andar com ela, pois passaria a ser um mal exemplo.
E os rapazes... Nao a deixariam em paz, com cantadas baratas e falsas declaraçoes de amor, apenas pelo simples prazer de um corpo jovem e quente que eles nao precisassem pagar.
Nao deveria ter contado para a irmã mais velha. Mais velha e menos atrante, e por isso muito invejosa da sua popularidade. Tinha que estar suportando agora chantagens e mais chantagens para que ela nao falasse nada aos pais.
Por isso, entao, Marilia resolveu se noivar.
Daria um cala a boca nos vizinhos, amigos e fofoqueiros em geral.
Mas...agora tao proximo o dia do casamento, ela sentia que a vida iria se escorrendo pelos dedos.
Nao teria mais liberdade, logo se encheria de bebes gordos e choroes, alem de ter que abandonar os estudos.
Resolveu entao fugir de casa. Iria pra bem longe, talvez a capital. Sim, diziam que la todos tinham oportunidade.
No sabado a tarde, com a desculpa de juntar dinheiro para comprar o enxoval Marilia foi ate a feira, com o carrinho de galinhas, e conseguiu, com preço de banana, vender todas as galinhas em poucas horas.
Iria esperar ate a proxima semana, quando os pais fossem pra roça da Avó, para a grande fuga.
Nesta noite, perdeu o sono, e muito indisposta e sentindo se mal passou o domingo quase todo na cama. Nem na missa quis ir, seu passeio predileto, pois sempre paravam pra um sorvete na praça.
E os dias foram se arrastando lentamente. O namorado, rapaz simples e humilde, nao conseguia entender o que acontecia com Marilia. Sempre fora alegre e fogosa, agora nao aceitava que ele se aproximasse nem pra um beijo, e outras carinhos entao. Era capaz ate de apanhar da noiva nervosa.
Na sexta-feira, quando os pais se aprontavam pra sair, ela ja estava acordada. Havia ajuntado as roupas poucas e o dinheiro em um sacola e escondido debaixo da cama.
A irma, ainda bem, nao desconfiava de nada. Mas tambem ela tinha comprado para a moça um estojo de maquiagem que ela sempre sonhara para si.
Assim que os pais atrelaram o cavalo e sairam a trote largo, Marilia se levantou, lavou o rosto na agua fria do tonel, tomou um gole de café fraco e doce. O estomago revirou, mas ela nao se importou. Talvez fosse por causa do nervosismo.
Calçou o tenis, e rapidamente se colocou a caminho da rodovia.
Planejava encontrar um bom e solidario caminhoeiro que a levasse rapidamente dali.
E encontrou. Nao apenas um, mas alguns que para transporta-la cobravam a passagem.
Passagem que ela, no primeiro instante sentiu nojo e repugnancia ao pagar, mas que depois ate que nao era tao ruim assim.
Viagem longa, cansativa. Marilia finalmente alcançou, apos 2 meses chegar na capital. A barriga, antes reta agora ja mostrava a saliencia do bebezinho que havia trazido consigo. Marilia, 14 anos, um bebe na barriga, muitos sonhos na cabeça, sem dinheiro no bolso.

06 dezembro 2010

De boa

De nada adianta ficar criando onda, remoendo briguinhas, sugerindo emburramentos.
Eu quero mesmo é ter voce aqui do meu lado, sorrindo, fazendo graça, se divertindo comigo.
Pode ficar calado tambem. sem fazer ou falar nada.
So ficar. Mas nao vale fechar a cara.
Porque nao tem valor pra mim. Nao adianta que quanto mais voce se tenta impor, nao vai conseguir me fazer aceitar so as suas vontades.
Assim como tambem nao forço a barra com voce, nao quero fazer o que nao gosto, o que nao me agrada.
Deixe a vida nos levar nesta calmaria, na tranquilidade, como em uma viagem de baseado. Na boa. HAHAHAHAHAHA...
Vem pra ca, perto de mim...