18 dezembro 2010

E a educação....ou a falta dela.

Bom... é realmente complicado saber até onde podemos compreender a falta de educação e a falta de delicadeza. Um fato extremamente desagradável aconteceu hoje a tarde e me coloca sempre a pensar sobre como as pessoas não tem o mínimo trato para tratar com os outros seres humanos, que no fundo são todos iguais.
Após o trabalho passei em um pequeno mercado que temos aqui no bairro. Estava pensando em preparar um delicioso jantarzinho neste sábado com clima gostoso e tranquilo.
Então, continuando, ao chegar ao mercadinho percebi que estava já um pouco lotado. E da porta vislumbrei a Vera. Sempre fora uma mulher bonita. Aliás muito bonita. Ela tinha aquela altivez, aquela beleza cativante, alem de ser muito simpática e educada. Conheço-a, mais ou menos, uns 20 anos. Nunca tivemos grande intimidade, pois somente a mãe dela morava aqui, mas costumamos trocar algumas conversas. cerca de três anos ela se mudou para morar com a mãe. Sabemos alguns boatos, é claro. Que ela fora abandonada pelo marido, com um forte golpe financeiro e que agora estava trabalhando e ganhando muito pouco. Antes ela andava em carros novos, bem vestida, maquilada. Onde passava deixava o rastro do perfume. Porem com todo o sofrimento que passou, ela se havia adquirido muitos quilos a mais, não se veste tao bem, tem olhos tristes.
Quanto entrei percebi, ao canto um casal que conhecia bem. Os cumprimentei, falei com alguns outros conhecidos. E, ali, na espera da fila do açougue, entao aconteceu a cena desagradável. Uma das mulheres, com aquele desdém, a olha bem nos olhos e diz: Poxa, Vera, como você esta gorda e velha, hem..O que você fez.
Pense no constrangimento geral. As pessoas não sabiam o que comentar ou onde enfiar a cabeça. O marido da Dona Linguaruda, correu no socorro.
Mas não precisava dizer nada.
Porque Vera também não disse nada. Se limitou a balançar a cabeça em concordancia e dar um sorriso amarelo. Quando olhou em minha direçao senti a dor e a vergonha estampada nos olhos opacos.

14 dezembro 2010

Deus e eu no Sertao.

Nunca fui uma grande fã de musica sertaneja.
Claro que morando onde moro o que mais se esperaria era que eu simplismente adorasse.
Mas ainda prefiro um rock calmo, MPB.
Mas tem algumas musicas que simplismente me conquistam a alma.
Tenho varias preferidas.
Outro dia tava assistindo um programa regional que temos aqui em nosso estado e uma cantora da nossa terrinha vermelha e quente estava interpretando esta musica da dupla Victor e Leo.
A letra é tao agradavel, tao boa de ouvir. Foi como me transportar para o mundo que ela descreve.
Eu rapidamente baixei e agora volta e meia estou cá a ouvi-la e sonhar com este mundo que eles criaram com a paz, a tranquilidade o Amor retratada nestes versos.
Entao..esta é a minha homenagem...e desejo a todos neste proximo ano pelo menos um dia destes que eles cantam...

Deus E Eu No Sertão

Victor e Leo

Composição: Victor Chaves

Nunca vi ninguém
Viver tão feliz
Como eu no sertão

Perto de uma mata
E de um ribeirão
Deus e eu no sertão

Casa simplesinha
Rede pra dormir
De noite um show no céu
Deito pra assistir

Deus e eu no sertão

Das horas não sei
Mas vejo o clarão
Lá vou eu cuidar do chão

Trabalho cantando
A terra é a inspiração
Deus e eu no sertão

Não há solidão
Tem festa lá na vila
Depois da missa vou
Ver minha menina

De volta pra casa
Queima a lenha no fogão
E junto ao som da mata
Vou eu e um violão

Deus e eu no sertão

13 dezembro 2010

Marilia

Novembro de 1994.
Com 17 anos e o casamento marcado para dali apenas 3 semanas, Marilia sentia uma grande opressao.
Se sentira muito pressionada a aceitar o pedido de casamento apos ter feito amor com o namorado.
Ainda, em pequenas cidades como a que ela vivia, uma moça que perdesse a virgindade era vista com maus olhos, e as velhas fofoqueiras adorariam mais um motivo para estarem tagarelando sentada nas portas aos finais de tarde.
As amigas, com certeza, seriam impedidas de andar com ela, pois passaria a ser um mal exemplo.
E os rapazes... Nao a deixariam em paz, com cantadas baratas e falsas declaraçoes de amor, apenas pelo simples prazer de um corpo jovem e quente que eles nao precisassem pagar.
Nao deveria ter contado para a irmã mais velha. Mais velha e menos atrante, e por isso muito invejosa da sua popularidade. Tinha que estar suportando agora chantagens e mais chantagens para que ela nao falasse nada aos pais.
Por isso, entao, Marilia resolveu se noivar.
Daria um cala a boca nos vizinhos, amigos e fofoqueiros em geral.
Mas...agora tao proximo o dia do casamento, ela sentia que a vida iria se escorrendo pelos dedos.
Nao teria mais liberdade, logo se encheria de bebes gordos e choroes, alem de ter que abandonar os estudos.
Resolveu entao fugir de casa. Iria pra bem longe, talvez a capital. Sim, diziam que la todos tinham oportunidade.
No sabado a tarde, com a desculpa de juntar dinheiro para comprar o enxoval Marilia foi ate a feira, com o carrinho de galinhas, e conseguiu, com preço de banana, vender todas as galinhas em poucas horas.
Iria esperar ate a proxima semana, quando os pais fossem pra roça da Avó, para a grande fuga.
Nesta noite, perdeu o sono, e muito indisposta e sentindo se mal passou o domingo quase todo na cama. Nem na missa quis ir, seu passeio predileto, pois sempre paravam pra um sorvete na praça.
E os dias foram se arrastando lentamente. O namorado, rapaz simples e humilde, nao conseguia entender o que acontecia com Marilia. Sempre fora alegre e fogosa, agora nao aceitava que ele se aproximasse nem pra um beijo, e outras carinhos entao. Era capaz ate de apanhar da noiva nervosa.
Na sexta-feira, quando os pais se aprontavam pra sair, ela ja estava acordada. Havia ajuntado as roupas poucas e o dinheiro em um sacola e escondido debaixo da cama.
A irma, ainda bem, nao desconfiava de nada. Mas tambem ela tinha comprado para a moça um estojo de maquiagem que ela sempre sonhara para si.
Assim que os pais atrelaram o cavalo e sairam a trote largo, Marilia se levantou, lavou o rosto na agua fria do tonel, tomou um gole de café fraco e doce. O estomago revirou, mas ela nao se importou. Talvez fosse por causa do nervosismo.
Calçou o tenis, e rapidamente se colocou a caminho da rodovia.
Planejava encontrar um bom e solidario caminhoeiro que a levasse rapidamente dali.
E encontrou. Nao apenas um, mas alguns que para transporta-la cobravam a passagem.
Passagem que ela, no primeiro instante sentiu nojo e repugnancia ao pagar, mas que depois ate que nao era tao ruim assim.
Viagem longa, cansativa. Marilia finalmente alcançou, apos 2 meses chegar na capital. A barriga, antes reta agora ja mostrava a saliencia do bebezinho que havia trazido consigo. Marilia, 14 anos, um bebe na barriga, muitos sonhos na cabeça, sem dinheiro no bolso.

06 dezembro 2010

De boa

De nada adianta ficar criando onda, remoendo briguinhas, sugerindo emburramentos.
Eu quero mesmo é ter voce aqui do meu lado, sorrindo, fazendo graça, se divertindo comigo.
Pode ficar calado tambem. sem fazer ou falar nada.
So ficar. Mas nao vale fechar a cara.
Porque nao tem valor pra mim. Nao adianta que quanto mais voce se tenta impor, nao vai conseguir me fazer aceitar so as suas vontades.
Assim como tambem nao forço a barra com voce, nao quero fazer o que nao gosto, o que nao me agrada.
Deixe a vida nos levar nesta calmaria, na tranquilidade, como em uma viagem de baseado. Na boa. HAHAHAHAHAHA...
Vem pra ca, perto de mim...

23 outubro 2010

Ouço Orinoco Flows ao fundo.
Remexo me na cama.
Abro os olhos lentamente e por alguns segundos nao reconheço o ambiente.
O cheiro de cafe inunda o ambiente.
Voce vem entao, caminhando lentamente, olha devagarinho e me pega acordada.
Recebo um beijo de bom dia, o cafe na cama.
Oh, quanto amor sinto por voce.
E quanto amor vc sente por mim.
Os poucos segundos separados nos fazem querer estar mais juntos.
Nossos corpos se unem. O meu calor invade o seu. Nos entregamos a paixao
que nos sufoca.
Por alguns instantes o mundo para, na explosao do nosso amor....

22 outubro 2010

Ahhh..quao longe voce esta.
Somente em meus sonhos consigo te ver.
E, mesmo assim, nao consigo lhe tocar.
Chora minha alma, meus olhos...
Chora todo o meu corpo, na longa
espera.
Quao longe voce esta.
Apenas dentro de mim posso sentir-lo.
Noites e noites sem voce.
Corpo frio, sozinho.
Meus olhos procuram mas nao conseguem te ver.
Fecho-os entao, e a sua doce lembrança enche o meu ser.

16 outubro 2010

Sonhei esta noite com meu amor. Meu amor perfeito. Tao perfeito que ele so vem me visitar em meus sonhos. Posso sentir o seu abraço carinhoso, o calor de seu corpo no meu.
A felicidade invade tanto minha alma, que quando acordo fico louca pra voltar a dormir e reencontra-lo.

08 outubro 2010

baratas...

Definitivamente meu bairro é merecedor de um livro.
Acontecem casos inexplicaveis por aqui.
Hoje por exemplo vamos batiza-lo do dia das baratas.
Como ja sabem, moro em um bairro totalmente carente.
Nao de pessoas carentes. Carente de recursos. Nao temos esgoto nem bocas de lobo para o escoamento.
Hoje a prefeitura nos fez um grande favor, enviando alguns homens para detetizar os lotes vagos.
Porque a populaçao por aqui nao se esforça para manter os lotes baldios limpos, ou ate mesmo os proprios quintais.
Pensa so a confusao. Eles chegam, pedem para as pessoas sairem e aguardarem 20 minutos ate voltarem. O problema é que quando jogam o veneno as baratas ficam loucas. Invadem as ruas, correndo de um lado pro outro. A rua ja esta lotada de criança, velho e maes descabeladas.
Entao é barata pra la, gente gritando pra ca.
Passei, em meio a muito asco, rindo e espantando as loucas com a vassoura do meu pequeno comercio.
Dia para ser bem relembrado.

04 outubro 2010

Chegou....

E entao a chuva chegou.
Nao de repente, pra matar a vontade louca do meu povo.
Ela se anunciou... Primeiro, no meio da tarde, o sol escaldante, foi aos poucos escurecendo.
O vento, anunciador, cantava, balançando as folhas e os santinhos de politica jogados no chao.
Um cheiro de terra molhada invadiu o ar, prometendo a nos, pobre mortais sedentos uma refrescancia do corpo e da alma.
Alguns raios iluminando o ceu e a reposta bradava com os trovoes.
E ela ficou a brincar. Algumas horas depois ouviu-se os grossos pingos desabando no teto.
Varias cabeças curiosas e extasiadas apareciam nas janelas.
Alguns desavisados correram pra se esconderem e desfrutarem deste prazer.
Crianças semi nuas em seu calçoes coloridos pulavam e brincavam nas enchurradas.
Risos, gritos.
O vizinho grita para o outro:
- O Ze, agora o quiabo vai crescer.
As mangas dançam e se lavam com a agua abençoada, que daqui a pouco dias vao colorir os pes em mistura de vermelhos, amarelos e laranjas.
Meu povo ta feliz, aliviado.
Nesta noite dormimos ouvindoo canto da chuva, a promessa do arroz crescendo na roça, a pamonha quente no prato.

25 setembro 2010

Um 'que ' de nostalgia insiste em tomar conta da minha alma.
Vai chegando, inundando.T
Tento fugir, mas nao consgo.
Velhas lembranças, sonhos enterrados, beijos saudosos.
Relembro o toque das suas maos, o seu cheiro inunda meu coraçao.
Tao longe estas.
Tao distante do meu mundo agora.

24 setembro 2010

Generosidade

Moro em um bairro extremamente carente. Nao temos por aqui esgoto ou sequer escoamento das aguas. E em pouco tempo, esperamos ferverosamente pelas chuvas para lavar inclusive nossas almas. Porem com estas chuvas veem tambem alagamentos. Mas...o que esperamos agora é que chova. Na verdade temos agua encanada, mas por causa da falta de chuva eles desligam o abastecimento todos os dias ao meio dia e so retorna la pelas vinte e tres. Um terror. Porque o calor, que chega em algumas vezes ate 39 graus deixa a todos irritados e muito, muito acolorados. A poeira, porque o bairro tem um leve asfaltos, mas os amados cidadaos nao terminam o passeio. Junta-se estes fatores aterrorizantes... Falta de chuva, que ocasiona seca, poeira e muito calor.
Muitas crianças tem estado sem aulas, porque a falta de agua atinge tambem as escolas. E ficam por ai, com suas pipas e pes no chao.
Mas, em meio a este caos, chegou em meu comercio a senhora, bem idosa, arrecadando alimentos para uma cesta. A vizinha dela, com cinco crianças, todas com menos de 8 anos, esta com uma doença terrivel, e nao pode trabalhar.
Nao perco a esperança. E quero escolher bem meu candidato para ver este povo sofrer um pouco menos. Quem sabe no proximo ano.

19 setembro 2010

SEM ÁGUA....

O caos se forma em minha cidade.
Agora estamos ha 110 dias sem chuva.
E os niveis dos rios baixou tanto que nao temos agua nas torneiras por tres dias. Imagine uma pessoa viciada por banhos e aguas. Como nao tenho tempo durante a semana, a manha de domingo se resume em lavaçao para mim e pra minha filha. Pra dificultas eu estava com minha mae e o meu padrastro de visitas. Tive que pedir a eles para voltarem hoje de manha. E ainda bem que estavam de carro, pois nao teve como tomar banho.
O sol esta tao quente, a poeira tomando conta de tudo. Fica alarmada e extremamente irritada.
Os politicos esquecem de resolver estes pequenos problemas. Todo ano praticamente passamos por este mesmo problema.

06 setembro 2010

vOCE...

Um frio na barriga...Um medo de continuar. Olhava continuamente para tras. Com os olhos procurava a resposta para a alma. Nao teria nova oportunidade, lhe dissera o homem, para retornar se decidisse realmente partir.
Estava louca pra sentir o sabor da liberdade, caminhar sozinha por caminhos que escolhesse que no primeiro instante nao hesitou...
Porem, a medida que alcançava a porta, um aperto no peito, as lagrimas quentes começaram a cair em sua face.
Ouviu a voz dele, suave lhe chamando, pedindo pra ficar.
O aconchego dos braços dele agora seria tao confortavel. Mas nao poderia sentir o doce sabor da aventura.
O cheiro daquele lugar. O lugar deles. Mas queria outros aromas.
A louca vontade de conhecer outras pessoas, outros lugares a deixava em completo frenesi.
E, com a alma divida, resolveu partir.

01 setembro 2010

O outro

Não quero mais ser o outro.
Dei um basta, joguei fora o que não me pertence.
Nao quero mais ser o outro
Quero ter meus próprios pensamentos
e fazer as minhas próprias escolhas.
Nao quero mais ser o outro.
Sorrir para aliviar o outro
Falar somente o que o outro quer ouvir.
Nao quero mais ser o outro.
Quero falar o que pensar, chorar quando a dor apertar.
Quero cantar a cançao que gosto, calar e ouvir o silencio.
Nao quero mais ser o outro.

22 agosto 2010

Não, nao, nao... Nao posso fazer o que querem.Porque o que quero é nada fazer. A vida ja me trouxe as amarguras e durezas. Navaguei meu rio, e cheguei ao meu mar. Vou devagar me direcionando ao meu oceano. Me deixe aqui. Me deixe só.

21 agosto 2010

Hoje...

Já há algum tempo as minhas ilusões se tornaram mais amenas. Não que nao tenha planos. Ao contrario. Deixei de lado as ilusoes e hoje tenho planos mais reais. A paixao que inundava a minha alma e me fazia viver hoje foi substituída por uma razão ilimitada. Ao contrario dos repentes da juventude hoje anda ao meu lado a consciencia da tranquilidade. Penso de forma totalmente diferente de anos atrás e as vezes me pego olhando para meus filhos e vendo o quanto o tempo ainda vai trabalhar na vida deles. Admiro a beleza da juventude, mas sou feliz no meu inicio de meia idade. Consegui deixar ao meu lado as pessoas que amo, as coisas que gosto.Hoje tenho mais manias, mas aprendi a respeitar opiniões.

13 agosto 2010

Movimento

O sol estava, preguiçosamente, abrindo os braços sobre a terra. Um sol avermelhado, morno, anunciando um dia ensolarado e quente.
Ela, na cama, também abriu os olhos e pensando em se esticar como uma gata moveu as pernas para fora da cama.
Levou um susto. Não sentia o chão gelado. Espantada, olhou para as pernas. Elas estavam ali, lindas, delgadas. Tentou movimenta-las porem nao sentia o proprio peso. Com as maos tentou
toca-las mas também os braços não a obedeciam. Sentiu um aperto na garganta,
um frio imenso no estômago, um medo terrível. Um gemido ecoou de sua garganta. Logo se transformou em gritos de desespero. Lágrimas saltavam de seus olhos. Tentava se movimentar,
porem nada acontecia. Foi tomada de um grande terror, e os olhos, na semi-claridade procurava alguma resposta. Mais ao longe, proximo da penteadeira notou a cadeira de rodas.
Meu Deus - o que esta acontecendo? O desespero tomava conta da sua alma. Não compreendia porque não conseguia se movimentar, que lugar este este onde estava.
Agora os gritos foram se tornando incessantes. Os olhos, e apenas eles, corriam de lado a lado no quarto desconhecido. O suor escorria pelo seu corpo, o esforço para se movimentar era imenso.
Poucos momentos depois, ouviu a porta do quarto se abrindo, e um rosto desconhecido adentrou.
Era uma mulher, jovem, de aparência calma. Perguntou-lhe com carinho se precisava de algo, e gentilmente a ajudou a se colocar na cadeira.
Ela não entendia o que estava acontecendo. Os olhos suplicantes pediam aquela desconhecida que lhe ajudasse, e mexia os lábios em
perguntas. A mulher apenas sorria em resposta. Então notou que ela não podia ouvi-la. Sua voz era somente fruto do seu pensamento. Nem ela mesma ouvia o seu som.
Estava em total desespero, e tentava se mexer, falar....
Então ao longe começou a ouvir o toque de uma buzina. O barulho foi se tornando mais e mais alto. Agora era insuportável. Um vento forte abriu a janela do quarto, e ela sentiu a rajada fria em seu rosto.
Então, abrindo os olhos, acordou do pesadelo.

09 agosto 2010

Vida Simples

Maria era uma mulher muito simples. Sempre o fora. Calada, tranquila, mansa de coração. Morava em uma casinha simples, na comunidade do Passo Largo. Nascera e crescera ao lado de pessoas simples. Muitos ali nem tinham registro de nascimento, mas ela fizera questão de registar os seus três filhos mesmo sem o nome do pai. Um dia, quando eles alçassem voo precisariam deste documento.
Nesta manha, quando o radio-relógio despertou marcando 5.30 da manha, ela se levantou, arranjou os cabelos crespos e desgrenhados em um rápido rabo-de-cavalo, e ainda sonolenta foi ate a cozinha colocar agua pra ferver. O fogão, velho e descorado, só tinha duas chamas funcionando. Voltou ate o quarto, trocou a camisola, e percebeu que o marido não havia voltado para casa nesta noite. Normalmente chegava nas madrugadas e se deitava no velho sofá, ou pelo chão mesmo.
«Desgraçado, bêbado sem vergonha. Não valia mais pira nada, e ainda não a deixava em paz.»
Lavou a boca, escovando os restos dos poucos dentes que sobravam na sua boca, e pensou que daqui a dois meses a teria uma dentadura que a permitisse um sorriso novo. Ficou pensando em todas as economias que estava fazendo nos últimos seis meses para realizar este grande sonho.
Foi ate a padaria do «Seu Onorio». Homem bom, integro, honesto. Viúvo, com 3 crianças pequenas preparava o melhor pão da comunidade. Trabalhava todos os dias, de domingo a domingo, e seu grande desejo era que Maria largasse o marido a toa e viesse viver com ele. Mas não tinha coragem de falar isto a ela. «Deus me livre», pensava e voltava ao trabalho.
Chegando em casa, acordou os filhos, arrumou o pão com manteiga (a patroa havia dado um pote pra eles, quase vencendo, mas quem se importa?).
Os bacurizinhos foram se levantando e vestindo o uniforme. Maria os apressava. Ja eram quase 6.30 e poderiam se atrasar.
Ouviu um barulho no portão, olhou pela janela. Era o marido, cambaleando sobre as próprias pernas. Certamente agora dormiria o dia todo, e quando elas e os meninos voltassem a noite nem o encontrariam. A jornada não era fácil pra ela, mas não costumava reclamar. O importante é que o trabalho de diarista estava dando pra manter os meninos na escola. Quando ouviram a voz do pai, o menorzinho começou a tremer. A mãe, alisando seus cabelos, prometeu que nada aconteceria.
Ele entrou, ja mexendo nas panelas, dando chutes no cachorro vira-latas que viera abanado o rado, numa silenciosa lealdade e alegria. O menininho agora chorava, e o irmão do meio, tímido pediu ao pai que parasse. «Cala a boca, filho da mãe, senso chuto é você.» O mais velho, revoltado o mandou sumir. A mãe, tentando apaziguar, adiantava os meninos. Rapidamente engoliram o pao com o chá-mate e ficaram pronto pro dia na escola. Na porta da cozinha Maria ainda passa a ultima olhada nos filhos. Alisa o cabelo do mais velho, abotoa a camisa do outro, amarra do cadarço do menor. Silenciosamente abençoa as crianças e pede a proteção Divina para eles.
Ao saírem, os olhos da mãe os acompanho por alguns minutos, mas tem muito o que fazer. Ao voltar pra casa, o marido continua a sessão de palavrões e quebradeiras. Ela procura ignora-lo, pois de não adiantaria reclamar. Seria muito pior. Com certeza só começaria uma sessão de tapas, socos e chutes. E prometera nunca mais levar um nico empurrão. Mas o marido, homem ignorante na estava acostumado a ser desprezado. E vou provocando-a com todo tipo de palavrões. Ela se vestia rapidamente, pois ja estava se atrasando para o próximo ónibus.
O homem, vendo que com isto não estava conseguindo nada, puxou a pelo braço, jogou a na cama, e começou a arrancar suas roupas. Ela, rezando baixinho, pediu a Deus que pelo menos fosse parido. Mas a bebida havia derrotado e ele não conseguia ter uma ereção. Era apenas o ódio que crescia dentro dele. E em meio a murros e tapas, ele cada vez mais foi ficando irado. O rosto dela ja estava desfigurado, e agora ela tentava se proteger com os braços, se enrolando no próprio corpo. Isto o instigava a bater mais. Pedia socorro, pelo amor de Deus. Os vizinhos, mesmo ouvindo não iriam fazer nada. Ja era comum isto. o marido continuou a bater e bater. Ela ouvia o som dos próprios ossos sendo quebrados, mais um dente arrancado. Os olhos, cheios de sangue, agora nem o enxergavam direito. A voz, era fraca. Ele não se cansava. Levanta sua vadia, vem lutar comigo. Você ano é a perfeita, não é a boa? E tome murros, chutes, tapas. A inconciencia tomou conta dela. Era um monte de carne e sangue jogado no chão.Nao iria trabalhar hoje, e amanha os meninos não teriam o pão. O homem, cansado da luta, se deitou e dormiu.

07 agosto 2010

Me abdico da vida social. Gosto da minha companhia, da minha solidao. Com ela aprendi a me conhecer, a me aceitar.

29 julho 2010

Baduque...




Nome engraçado para um cachorro. Mas é assim mesmo que o chamamos. Nos conhecemos ha dois anos atras, quando minha mae pediu para que eu ficasse cuidando para ela, quando se mudou. Entre nos surgiu uma amizade instantanea. Ele tem aquele dom que so os cachorros tem. Ele ama demais, é fiel demais. No meu bairro tem uma historia engraçada. Ele me acompanha, enquanto ando de carro. Engraçadissimo. Nao ha quem aqui nao conheca a mim e a ele por esta pecularidade. Ele simplismente ama correr na frente do carro. E ele late se paro o carro, fica deitado vigiando enquanto trabalho. Alem de mim ele ama meus filhos demais. Se nao esta perto de mim, esta perto deles. Mnha filha, uma moleca de 15 anos adora. Meu flho, timido e reservado morre de vergonha. Infelizmente o perdi ontem pra morte. Ela o levou. O pior, nos o levamos para o sacrificio. A doença em forma de tumor o atacou e tivemos que para diminuir a dor, abrir um buraco no nosso coração. Nos perdemos, meu bairro perdeu, todos sofremos. Saudades Amigao. Ficou um buraco no seu lugar....««

27 julho 2010

Hoje estou só. Nem sempre foi assim. Tive grandes amores, paixoes, relacionamentos. A vida mudou a mim, e tambem eu mesma mudei.

24 julho 2010

Despedida

Quando chegou em casa, por volta das 19:00 pensava somente em tomar uma ducha refrescante, ouvindo Enya no estéreo, e depois relaxar com uma taça do bom vinho comprado na ultima viagem a Portugal.
Porem, sentia um inexplicável incomodo. Parecia que teria algo mudando em sua vida, mas não conseguia perceber o que.
Ainda no chuveiro ouviu a campainha da porta chamando. Se enrolou depressa na toalha e foi ate a porta. Um rapaz jovem com um buque de cravos e lirios o esperava a porta. Não estranhou muito visto que era um homem sempre bajulado pelas mulheres, e certamente este seria mais um convite para um jantar e uma noite de aventuras.
Foi ate a carteira pegou uma nota e ofereceu a gorjeta ao rapaz. Gostava sempre de agradar as pessoas. Procurou pelo cartão, mas ao invés disto encontrou um envelope de carta. Abriu e rapidamente foi ate o final para ver de quem era. Ao perceber que era de Ângela, deixou sobre a mesa. Ela estava muito ligada nele, sabia bem disto. Leria mais tarde, com certeza seria apenas mais uma das declarações longas e cansativas dela.
Enquanto se trocava, pensava sobre Ângela. Se conheceram alguns meses atrás em um restaurante do centro da cidade. Desde então vinham se encontrando com certa regularidade. Porem havia sentido que ela estava mudando as atitudes. Se divertiram bastante no inicio, ela era alegre e espontânea, alem de ser uma fera na cama. Sempre ligava para ela nas madrugadas e ela estava disponível para ele. Porem, nas ultimas semanas a havia percebido com certa relutância. Nao havia atendido suas ligações duas ou três vezes, e na ultima estava com uma voz chorosa, e dissera a ele que seria impossível se verem. Odiava mulheres chorosas, e por isso resolveu não ligar mais, e por fim não estava mais atendendo as chamadas dela. Alem disto estava saindo com uma loura estonteante que conhecera em uma boate.
Voltou a sala, baixou o som da musica, se serviu com mais vinho, e resolveu ler a carta.

«Marcelo,

Esta não é uma carta de amor. Não, esta é uma carta de desamor. Venho te falar sobre o desamor que estamos tendo. Venho te falar porque estou te deixando. Na verdade devo estar sendo prepotente, porque não posso deixa-lo se real emente nem estivemos juntos. Eu estava em você, porem você não estava em lugar nenhum, com ninguém. Você é um homem jovem, bonito e o mais importante experiente. Até aqui achava que esta experiência era maravilhosa porque estava cansada de me relacionar com garotos jovens e que queriam sugar de mim o que eu havia aprendido com minhas experiências anteriores. A minha procura por romance talvez tenha sido a principal causa do fim do nosso relacionamento. Nas primeiras vezes que estivemos juntos eu sentia uma forte atracão, e o sexo com você foi uma das melhores realmente excitante para mim. Quando estava em seus braços sentia me a mulher mais maravilhosa e mais amada.
Mas de repente as coisas começaram a mudar. Passei a pensar em você mais vezes que o normal. Muitas vezes acordei e percebi que gostaria que estivesse deitado ao meu lado. Outras vezes percebia que não parava de olhar para o telefone esperando sua ligação. Em alguns momentos, veja só, senti o seu perfume no ar. E você nem ao menos estava aqui. Comecei a sentir sua falta em alguns momentos inusitados, como ao sentar para ver um filme, ou preparar o jantar. Fui ao supermercado e me peguei comprando as coisas que você gosta, a marca do vinho que você bebe, o queijo que você come. E me surpreendi ao entrar numa loja de roupas masculinas para olhar uma camisa que tinha certeza ficaria otima em seu corpo.
Esperei tão ansiosa sua ligação que parece que o tempo não passava. Não estranhava o fato de me ligar as vezes na madrugada e me pedir para ir ate sua casa, pois estava exatamente esperando isto. Então, em uma das nossas madrugadas, quando cheguei ao clímax eu percebi. E as palavras saíram tão espontâneas que cheguei a me assustar: EU TE AMO. Esperei ouvir de volta, mas você não falou nada. Me beijou e se virou para o lado. Senti um medo terrível. Queira lhe falar mais, falar deste amor enorme, da paixão que me consumia. Um medo por ter sido precipitada. Nesta manha, quando me levantei e fui para casa você ainda dormia. Olhei seu corpo e imaginei o quanto seriamos felizes. Passei a fazer os planos mais loucos para nos dois. Pensei em nos casando em uma linda área verde, em uma manha ensolarada de domingo. Nossos pais, amigos assistindo a felicidade se concretizando. Sonhei os filhos que teríamos, os nossos netos. Nos dois envelhecendo juntos, com calma. Procurei estar o mais próxima possível . Passei a visita-lo em seu trabalho, a te ligar muitas vezes. Porem não havia percebido uma única coisa - você não estava envolvido. Percebi que começou a não atender os telefonemas, e ate a recusar os convites insistentes que eu fazia. Mas eu pensava que isto iria mudar. E insistia mais e mais.
Ate que ontem tive um click. Percebi que o amor era meu. Apenas meu, não era nosso. E que eu estava indo demais na minha carencia e busca de solução. E havia me esquecido de perguntar ao meu objeto amado se ele queria compartilhar comigo destes sonhos, planos e amor.
Chorei. Chorei muito. Mas tomei uma decisão. Vim me despedir. Despedir do meu amor, da minha busca. Aquelas tres palavras agora amargam meu coração. Mas, em minha dignidade guardo este grande amor para alguem que saiba e queira recebe-lo, e me despeço de sabendo que o que voce tinha me ofereceu. Aventura e sexo de boa qualidade. Agora sigamos caminhos distintos e cada em busca da sua felicidade. Boa sorte.»

Terminou de ler a carta, dobrou-a em silencio. Pensou nela com certo carinho e desejou-lhe sorte também. Ja tinha trilhado o caminho que ela se propunha agora e sabia quantas flores e espinhos ira encontrar, mas esta seria o caminhar dela, suas experiências seriam únicas, não iria interferir em sua decisão, e sentiu muito não poder dizer-lhe isto. Ela iria descobrir em seu próprio tempo.
Pegou o telefone e ligou para uma «amiga». Combinou uma noitada.

21 julho 2010

A fuga

Era uma manha de verão. A fuga havia sido rápida e sem despertar nenhuma suspeita.
Havia 6 meses que eles a mantinham sóbria, e se sentia com sede de liberdade. Sabia que conseguiria enfrentar o mundo la fora sem o álcool. Mas eles teimavam em dizer que ela não estava preparada.
Quase um mês atras a familia - o marido e a filha adolescente - prometeram leva-la embora. Mas eles sequer voltaram para visita-la.
Havia feito amizade com o enfermeiro do periodo noturno e pagava -lhe com alguns favores as informações adquiridas. Não odiava estes pagamentos, porque na verdade seu corpo tambem sentia carência. Ele tinha mãos hábeis e beijos quentes.
Fora ele que lhe contara que a família não pretendia tira-la de la. Que o marido já estava morando com outra, que alias a filha chamava de tia. Uma dor alucinante invadira seu peito. As lágrimas não caíram, mas sim um urro do fundo da alma ecoou no quarto. O homem assustado pedia-lhe que se acalmasse, segurava-lhe as mãos, abraçava seu corpo.
Alguns minutos depois ela se tranquilizou. A noite foi longa e triste.
Na outra manha, começou a arquitetar o plano. Pediu para falar com o diretor, explicou que se sentia bem. Foi em vão. Eles tinham ordens para mante-la ali, presa, abandonada.
Por mais de uma semana sentou e chorou.
Por duas pensou. E nesta manha, com a ajuda do amante, se enfiou em um caminhão de entregas e para longe dos muros partiu.
Poucas horas depois foi recapturada e levada de volta. Nesta noite, em poucos segundos a lamina fez o trabalho frio e misericordioso. O sangue desceu vermelho e quente naqueles pulsos magros e brancos. Encontraram o corpo frio, sem vida. Mas trazia consigo um sorriso nos labios. Havia conseguido. A alma dela estava livre.

18 julho 2010

Medo..

Acordou nesta manha totalmente vazia. Procurou no coração algum sentimento, mas era impossível.
Na noite anterior havia esvaziado toda a sua ira quando aos berros o mandara embora. Se enchera de dor. E durante a noite toda esvaziara esta dor derramando lágrimas.
Agora se encontrava vazia. Vazia e só. Olhou para sua imagem refletida no espelho, ainda deitada na cama e pensou no que faria.
A liberdade lhe abria os braços, mas não se sentia a vontade para seguir com ela.
Então percebeu que o medo começava a tomar conta do seu ser. E ele veio vindo tão apressadamente e incontrolável que em poucos minutos se sentia totalmente aterrorizada.O que faria agora?
Não aprendera a ser só, a se virar.
Não sabia como agir com tanto tempo para si mesma e esquecera de fazer planos para esta fase.
Foi se encolhendo e se escondendo debaixo das cobertas. O frio tomava conta do seu corpo. Um frio inexplicavel, vindo de dentro para fora. Sentia maos puxando-a para baixo e nao conseguia reagir. O silencio era gritante, a solidao sufocante. Se deixou ficar na inercia, gemendo e fugindo dos seus proprios pensamentos. Não sabe quanto tempo ficou assim, mas aos poucos foi reagindo.
Conseguiu se levantar. O sol estava a pino. Preparou um café forte. O cheiro e o calor a aqueceram. Foi ate a janela. Viu as pessoas indo e vindo. Percebeu que a vida continuava. E resolveu acompanha-la.

17 julho 2010

Não te amo mais...

As paredes eram brancas. Brancas e frias.
O vento batendo na janela a fazia se lembrar que ainda restava vida fora dali.
Sentada em uma cadeira ao lado do leito, rezava baixinho para que aquilo terminasse rápido.
Na cama, o homem estava pálido e com os olhos fechados. Parece que dormia.
Pensava em si mesma. Em todo o tempo que ainda teria para se alegrar. Não queria pensar em tristeza.
O homem abriu os olhos e devagar girou a cabeça em sua direção.
Os olhos eram amarelados e sem vida.
Abriu a boca e murmurou algo.
Ela se aproximou para ouvir.
Se afastou, olhou bem para ele. Pensou em falar algo. Consolar aquela alma.
Mas não conseguia. Agora depois de tanto tempo ele vinha lhe pedir perdão.
Lembrou-se com amargura de todas as noites passadas em claro, a espera dele.
Pensou nas lágrimas derramadas, nas suplicas que fizera para que ele a amasse, que cuidasse dela.
Pensou nas vezes que não tinha nada para preparar para os filhos comerem e ele nos bares se divertindo com os amigos e as putas.
Pensou nos safanões e tapas. Nos xingamentos. Nas dores sentidas.
Agora ele lhe pedia perdão.
Pensou no amor desperdiçado, na juventude passada a espera de uma palavra de carinho, nas rugas adquiridas, nas lágrimas derramadas.
Se levantou. Os olhos secos, não havia mais lágrimas a derramar.
Se dirigiu ate a porta. Os olhos dele a acompanharam, sem compreender.
Então, em um ímpeto voltou ate a cama.
Segurou-se na beirada, pois se sentia fraca.
As palavras sairam rápidas.
Desculpe, mas eu não te amo mais....
Saiu caminhando lenta e tristemente.
Fechou a porta e se lançou na escuridão silenciosa.

15 julho 2010

Sorriso e lagrimas

Brincar de sorrir. Chorar de rir.
Rir para não chorar.
Chorar para afugentar.
Amar e sofrer.
Chorar e sorrir.
Sonhar com você.

10 julho 2010

Brincadeira

Mudei minhas companhias.
Briguei com a solidao, coloquei pra correr a saudade,
Fiquei de mal com a melancolia.
Fingi ser feliz.
Andei de mãos dadas com a alegria,
brinquei com a felicidade.
Mas, quando percebi, estava sozinha na multidao.
Voltei pro meu mundo. Busquei de volta minhas companheiras.

05 julho 2010

Profundo

Voei tão profundamente para dentro de mim.
Caminhei pela dor e sofrimento.
Revi pessoas e lugares.
Sorri, chorei, amei, odiei.
Procurei a sua mão.
Mas não estava lá.
Quis voltar.
Mas para o profundo precisei continuar.
Então naveguei por lugares que não conhecia.
Senti a tranquilidade e inquietude.
Senti saudades e conforto.
Enxuguei as lágrimas e então percebi que
estava preparada pra voltar.

01 julho 2010

Passeio

Fui convidada a fazer um passeio.
O destino era meu passado.
Quem me convidou foram a saudade e a solidão.
Passamos por lugares tristes e escuros.
Senti fome e frio.
Chorei.

26 junho 2010

Uma bola, tiquinho de felicidade

Aquelas crianças já nasceram na pobreza. Não se tornariam mais pobres, ou miserareis. Moram
em baixo do viaduto onde passo todos os dias. Aquelas crianças nunca brincaram com vídeo games, nem foram, aos sábados a tarde passear no shopping. Nunca puderam escolher a bermuda ou a camiseta pra usar. Era raro quando tinham alguma roupa limpa. Nunca foram nadar na piscina do clube, nem sabem que o prazer de tomar banho em um chuveiro quente. Eles não tem o aconchego de um quarto para as noites frias. Alguns deles não tem nem recordação do colo da mãe. Muitas vezes paro alguns minutos a observa-las. São crianças magras, sujas, tristes. Passam o dia caminhando e procurando nos lixos o que acham que podem valer alguma coisa. Latas, garrafas e tantas vezes restos de comida.
Mas outro dia foi diferente. Por coincidência, exatamente quando eu estava passando, caiu de uma camioneta uma bola, bem próxima das crianças. Como um flash elas perceberam e logo já estavam correndo para agarrar aquele presente tão inesperado. Sentei para observar. Eram 5 crianças agora. Sim, agora eram 5 crianças que corriam, gritavam, chutavam, sorriam e por momentos eram felizes.

Visitas

Ontem a solidão veio me visitar novamente. estou acostumada com suas visitas, e sendo ser , enclausurada em mim mesma, gosto de estar com ela. A solidão me faz bem. É como parte de mim mesma, me complementando, me fazendo mais tranquila, mais serena. Porem ontem ela veio acompanhada da nostalgia. E, por alguns momentos isto corroeu a minha alma. Fui em busca de companhia, e encontrei risos e alegrias. Elas se foram. E no meio da alegria eu fiquei .

25 junho 2010

Sem medo

Sou sem medo.
Mas sem emoções também.
Sou sem medo.
Mas sem frio na barriga também.
Sou sem medo.
Mas a solidão é minha companheira.
Sou sem medo.
Sou sem ninguém.
Não sou de ninguém.

24 junho 2010

Não sou de ninguem

Ninguém é de ninguém. Todos sabemos disto. Desde muito pequenos, ainda no colo, aprendemos isto. Mas é uma verdade que ninguem gosta de enxergar. Vejo o quanto as pessoas distorcem este fato. Você conhece alguém, começam a conversar. Tudo acontece de forma linda e colorida. O relacionamento vai ficando cada vez mais firme, os sentimentos ja estão mais sólidos. De repente, o que ofereciam um ao outro esta ficando pouco. A cada momento mais e mais vao esperando que a outra parte se doe mais, se entregue mais. Você começa a imaginar então que ja e dono do outro. Não imaginar de fato, mas no fundo realmente acha isto. Espera que as reações da outra pessoa sejam a que teria. Mas, será que você teria mesmo as reações que imagina?
O Sentimento vai ficanto tao egoísta que em nenhum momento você deixa se levar pelo que possa a vir acontecer. Quer dominar e mostrar que o outro precisa exatamente do que se pensa. Não se importa com as vontades do outro. Porque coce ama tanto, que o objeto amado agora é seu. E o egoísmo vai crescendo e sem perceber você perde a pessoa. Mas não acredita que isto possa ter acontecido. Afinal você deu tanto amor, cuidado e carinho. Já percebeu que você sempre acha que você ofereceu tudo que podia ao outro? E que geralmente é o outro que não sabe receber isto? assim você pensa. E se vocês se separam então? A pessoa que estava com você jamais poderá ficar com o seu amigo. Porque você não os perdoaria. E se esquece que talvez o relacionamento de vocês pode não ter dado certo, mas que eles teriam talvez uma chance de ser feliz. Mas se ao contrario, isto acontecer com você vai parecer normal. Esta é a síndrome do ser dono.

22 junho 2010

Estou lendo

Helena - Machado de Assis
O Símbolo Perdido - Dan Brown
Minha Vida - Adolph Hitler

21 junho 2010

A esposa

Marcia sempre foi uma pessoa tranquila e coerente. Em toda a sua infância e adolescencia havia tido poucas aventuras, porem em compensação nunca havia tido maiores problemas. Enquanto a irmã mais jovem era cheia de paqueras e namoradinhos, ela calmamente esperou o homem da sua vida aparecer. O primeiro beijo foi ja com quase 16 anos, e mais dois anos estava casada. É claro que se casou virgem. Nunca teve muitas amigas, era calada e simples.
Já tinha agora 17 anos de casada, os filhos adolescentes. Continuava casada, quieta. Não era bonita, não se vestia sensualmente. Os olhos eram um pouco afastados demais, porem os dentes eram perfeitos e brancos.Suas roupas possuíam poucos decotes e não usava muita maquiagem. Alem do marido, conversava com mais três homens, os dois irmãos e o pai. Nem sogro tinha, e a sogra não a tolerava. Achava que ela era sonsa, e cuidado com as sonsas, sempre dizia ao marido.Mas ele não se importava, conhecia bem a esposa que tinha e sabia que ela nunca seria capaz de traí-lo, pois a sua conduta era impecável.
Foi assim que ela se apresentou para a entrevista de trabalho. Vestida em uma blusa de mangas compridas azul clara, uma saia godê mais escura, sapatos com salto médio. O cabelo limpo e puxado pra trás, bem tratados e brilhantes. Usava oculos para escrever e ler. A entrevista seria daqui a 15 minutos, com o Dr. Carlos, explicou a recepcionista.
Havia se candidatado a esta vaga, após o marido ser demitido. As coisas não andavam bem em casa, e resolveu ajudar. No principio o marido não gostou, mas agora 4 meses depois, não estavam tendo outras opções. A irma a indicou, dizendo que um amigo seu advogado, estava precisando de uma secretaria auxiliar, e não exiga experiencias.
E então, aqui se encontrava.
Passaram se 30 minutos e ela, paciente, continuava a esperar. Quando foi chamada a sala do Advogado estava tensa e as mãos suando.
Ao abrir a porta, se deparou com um homem que aparentava 45 anos, alto, forte. Os cabelos estavam um pouco grisalhos, porem fartos, e os olhos eram de um azul, como em dias de verão. Ao apertar a mão dele, sentiu uma corrente eletrica pelo corpo.
Meu Deus, pensou - o que esta acontecendo comigo?
Mas, em poucos segundos se recompôs.
Conversaram por mais de uma hora, ela fez algumas perguntas a respeito de horários do trabalho e das atividades. Explicou a ela que em algumas ocasiões precisaria que fizessem pequenas viagens e algumas reuniões em finais de semana, e que precisava de flexibilidade da parte dela.
Saiu dali contratada, para voltar no dia seguinte, com a cabeça a mil por hora. Não sabia como explicar a si mesma porque se sentia assim, mas parece que estava flutuando. Sentia o perfume dele na sua mão, e isto a deixava tonta.
Passou o resto do dia organizando a casa, cozinhando e congelando, e fazendo lista de atividades para deixar para os filhos.
La pelas 6 da tarde o marido chegou. Estava cansado e triste. De novo não havia conseguido trabalho. Se sentiu culpada, por ter sido tão fácil a ela.
No outro dia, se levantou bem cedo, se vestiu e se dirigiu ao trabalho. Havia um misto de alegria e tristeza.
Se adaptou com facilidade as tarefas de atender ros telefones, separar os processos, e servir o cafe ao chefe. Em poucos dias era capaz de responder sobre quase todos os assuntos do escritorio.
O chefe continuava a lhe causar certo frenesi, mas nunca ousava nem em pensar neste assunto.
Quando tinha quase 2 meses de trabalho, o chefe a avisou que iriam neste tarde ate uma cidadezinha a 70 km dali, para atender alguns clientes e buscar documentos. No carro, ela nem olhava para o lado, certa de toda a sensualidade e energia que emergia do patrão.
Passaram toda a tarde atarefadissimos, não dando a ela tempo para pensar em loucuras.
Ao voltarem, a noitinha, porem, o chefe a convidou para pararem e beberem alguma coisa. Ah, so um drinque nao faz mal. Afinal estavam cansados e ate em casa seria pouco mais de uma hora.
Um, dois, tres drinques. Ela agora esta solta e alegre. Ria com o chefe, contava sobre a vida de casada, e em certo momento os olhos deles se cruzaram. Em segundos estavam nos braços um do outro. Saíram rapidamente e dentro do carro deram vazão a toda paixão que os sufocava. O desejo era urgente, o amor se consumiu dentro do carro.
De volta pra casa, se sentia culpada e com medo. Chegou na ponta dos pés. Eram 11 da noite e todos ja dormiam em casa. Passou pelo quarto dos filhos, e abrindo a porta bem devagar, viu o marido dormindo. Rapida e silenciosamente tirou a roupa, tomou banho, e se deitou. No outro dia, ao acordar o marido não estava na cama. Sentiu um grande medo. Se arrumou e dirigiu-se a cozinha. Ao chegar, ele já havia preparado o café da manha, e ele e os filhos a aguardavam para a primeira refeição.
Foi recebida com carinho, amor e atenção. Pediu perdão silenciosamente a Deus, e jurou que nunca faria isto novamente.

20 junho 2010

Filmes que assisti.

Alice no Pais das Maravilhas - excelente
Um homem de Familia -bom
Janela Secreta - Imperdivel.

25-06-2009-Coração Louco- Para quem gosta de musica country, alem das pessoas que gostam de um bom drama excelente pedida. Dica: Assista com o som original em inglês. A voz do ator é maravilhosa, e as musicas envolventes.
21-06-2009 - Desafiando Gigantes -Regular
19-06-2010 - Educação. Bom
20-06-2010 - Idas e Vindas do Amor - Fraco.

19 junho 2010

A Minha Ana


Muitas pessoas tem uma Ana na vida. Eu também tenho uma. A minha Ana, me faz tão bem. Tem 15 anos, é jovem, bonita, feliz. Torna os dias mais claros, e as noites mais aconchegantes. Tem certa ousadia no olhar, falar, andar e sorrir. E principalmente em viver. Quase nunca a tristeza vem visita-la, e se vier, ela bota pra correr. Sabe colorir os pontos negros de minha existência. Tem a doçura e a audácia necessárias para transpor os obstáculos. Chora sem ver, ri até sem querer. Ama vencer, mas sabe as vezes perder. Tem a facilidade de se emocionar e derramar lágrimas por causa de palavras ou gestos. Se deita pra descansar e, em poucos segundos esta dormindo de babar. Gosta de conversar no escuro e enrolada na 'Bolha Rosa'. Tem a mania de dar nomes engraçados as coisas. Tem bilhetinhos e fotos pregadas no espelho. E quer ter um mural de fotos. Tem mais de 1500 fotos digitais, e faz biquinho pras camêras. Tenta emburrar muitas vezes, mas não guarda magoas no coração. Apaixona'-se e enjoa com a mesma facilidade. Conhece a maioria dos meninos meninas da escola, sorri com todos, fala com quase todos. Conversa na aula, e se não der, manda bilhetinhos. Dorme ouvindo musica. Musica pra ela, quase todos os ritmos. MBP, AXE, DANCE, FUNK, Romantica, Sertanejo...Tem que tocar é o coração. Tem pernas grossas e luzes no cabelo. Usa chapinha, mas gosta de cachos. Dá risadas altas, sabe cantar os sucessos que estão tocando. Dorme com o celular debaixo do travesseiro, esperando uma mensagem de alguém chegar. Recebe flores, distribui carinho e atenção. Tenta, mas poucas vezes sabe dizer Não. Tem amigos e amigas virtuais e leais. Fica mau-humorada se não tem programa pro final de semana, adora dançar, e seu sonho é ir pra Salvador pular o carnaval. Ama roupa nova, e milk shake. Não é irritadiça e nem mesquinha, mas sabe bem o que quer. Não se importa muito em faxinar o quarto, e as vezes, com muita dificuldade, consegue se organizar. Viaja na Net, e se distrai, mas não gosta de fazer os trabalhos escolares. Ama imensamente a vida, chora de saudades. Se entendia com facilidade, e normalmente deixa escrito quando isto acontece. Copia pedacinhos de letras, escreve longas cartas quando esta amando, se encanta com corações, estrelas e poesias.
Gosta de filmes românticos,
principalmente quando o final é feliz. Ama os gatos de hollywood e da malhação, sonha em casar
na igreja. Quer ter filhos, mas não gosta muito de obedecer os pais, somente se não tiver opção. Acha que cresceu. Tem algumas Melhores Amigas, e considera a prima como irmã. Sabe amar, e acima de tudo, está pronta quando se precisa dela. Tem muitos fãs, mas também é muito fã.
Tem uma Fé em Deus inabalavel, e nao dorme sem fazer suas orações.
Ela me diz: good nigth mommy.
Eu respondo: I love You sweet hearth.
Enfim, ela ama imensamente a vida, e se estamos juntas estamos felizes.

18 junho 2010

Resignação

Era final de tarde de um sábado alegre e ensolarado. Entrou na sala. Ele estava assistindo ao final do campeonato de futebol, com uma cerveja ao lado. Levantou os olhos pra ela e sorriu. Ela se sentou ao seu lado, no novo sofá preto, recém adquirido na loja do genro. Ele a abraçou e puxou para si. Era sempre assim. Sempre estiveram juntos e unidos.
Estava ali para explicar-lhe que não poderia mais aguentar a situação que estava vivendo. Sabia, há alguns meses, de todos os comentários que circulavam pelo bairro, onde moravam há mais de 25 anos.
Mas, agora ali, abraçada a ele, começou a se lembrar de toda uma vida juntos. Lembrava-se de toda a juventude, o amor, a saúde e o respeito dedicados a ele. Se lembrou do primeiro beijo roubado na volta da escola, das mãos entrelaçadas, das promessas feitas. Lembrou-se também quando o namoro foi ficando mais ousado, dos beijos quentes e cheios de desejo, em toda a volúpia da juventude. Se lembrou com tanto carinho quando ele, um belo rapaz, se dirigiu ao seu pai e solenemente pediu a sua mão em casamento.
E o dia do casamento, então? A realização de um sonho. Ela, com o vestido branco, percorrendo ao lado do pai os poucos metros que a separavam da alegria completa. Se lembrava da mãe chorando, emocionada, as amigas com um quê de inveja no olhar. E logo ali, parado a sua frente, ele. O seu Principe Encantado, lindo, garboso, perfeito.
A noite de núpcias foi uma surpresa. O pouco que havia aprendido em revistas e conversas com as amigas foi tentado colocar em pratica, mas sem muito resultado. Mas o carinho e a paixao superaram a inexperiência. E mesmo hoje, depois de tantos anos, sentia um certo comichão quando ele a tomava nos braços e faziam amor.
Se mudaram para uma casinha pequena, no final da vila, onde nasceram e cresceram os cinco filhos. Dois deles ainda permaneciam em casa, e como eram bons os filhos. Todos honestos e sem vícios, pois não tiveram mal exemplo dentro do lar.
Olhou em volta. A casa agora era confortável, grande, arejada. O carro na garagem, os moveis. Sim, haviam superado as dificuldades, criado os filhos, começavam a envelhecerem juntos. Agora ela já podia frequentar o salão da manicure pelo menos duas vezes ao mês. E foi justamente lá, alguns minutos antes que ouvira tudo.
As 'amigas', com uma certa maldade na voz, haviam relatado todo o caso a ela. O marido, em todas as manhãs e tardes carregava a moça ao trabalho e de volta pra casa. Foram vistos algumas vezes também no supermercado, acougue, e até na loja nova de sapatos. E também ficou sabendo, quando ela foi em um pequena viagem até a capital, ele havia ousado leva-la a frequentar o barzinho badalado na praça. Elas não a pouparam nem dos detalhes sordidos, como os beijos e caricias que foram visto trocando. Mas, para parecer que estavam ao seu lado, elas acrescentaram que isto deve ser só um casinho, que ela é jovem, bonita, porem vulgar, mas que ela deviria fazer alguma coisas, se fosse comigo botava ela e ele pra correrem, etc.
Sentiu uma dor forte no peito. A humilhação a cegava. A boca estava seca, o coração disparado. E agora, fazer o que?
Se levantou e dirigiu-se pra casa, caminhando lentamente.
E agora, estava ali, sentada ao seu lado, sentindo seu abraço, o calor que emanava do seu corpo.
As palavras não queriam sair de sua boca. As lágrimas , enxugadas rapidamente, teimavam em cair dos seus olhos,
Resolveu não falar nada e aceitar a muda condição de dividi-lo, porém nao perdê-lo completamente.
Se achegou mais a ele. E quieta ficou.

17 junho 2010

Vizinhas

O menino já tem quase 4 anos de idade. A irmã tem 16 e o outro irmão tem 13. Talvez por isso seja tao mimado. As palavras ainda sao pronunciadas com aquela conversa típica de bebês que estão aprendendo a falar. Mamãe, eu quelo um puiuto...E a mãe acha graça em tudo.
Moram em uma casinha, no fundo da casa dos pais, pois a mãe do menino, quando a filha mais velha tinha 12 anos de idade não aguentou a monotonia do casamento e, com um rapaz de 18 anos resolveu matar o tédio. Claro que o marido descobriu, e agora ela vivia com os filhos e o tal do amante, por piedade dos pais nesta casinha. Era humilhada e cobrada o tempo todo pela mae, que, se designava...dos tempos antigos.
Moram na periferia, e ontem foram até o centro da cidade fazerem algumas compras. Ninguém quer cuidar do menino. O menino chorou, brigou, pediu. A mãe fala.. Fie, fica queto minino. A mãe num tem dinheiro. Ele se senta no chão, dá birras. grita. O nariz escorrendo, a boca arreganhada. Lágrimas? nenhuma. Quando volta pra casa, a mãe esta com as mãos e sacolas arrebatadas das sobras da birra do menino. Um cachorro-quente dado apenas uma mordida, um saco de balas, um violinha pra tocar pro vovô, um balão colorido que em poucos minutos vai ser furado.
Vai pensando no que dizer pros outros irmãos, já que o pouco dinheiro que levou teve que fazer as vontades do menino. Ah, mais tadim, ele é tao pequininim. Os irmãos vão se contentar com as sobras. Fazer o que?
O menino ganhou um franguinho, que cresceu cheio de vontades e sem nenhum limite como ele mesmo. Só que na casa vizinha tem uma cadela que nao deixa nada que caia vivo, sair do quintal. E nesta manha fria, quando o menino vou dar papá pra gainha, ela bateu assas, e com toda a gordura, conseguiu um bater de asas meio torto, alcançando rapidamente o muro.
O menino gritando, a galinha cacarejando, a cadela latindo.
Logo a mãe vem correndo. Mas não consegue salvar a gainha do menino.
As penas logo dão a prova do fato.
A mãe chama a vizinha. O menino chora sem parar. Eu quelo a Malia...
A vizinha tenta argumentar com a mãe, porque deixaram a galinha subir no muro, que deveriam ter cuidado melhor. A mãe não quer saber. Não vão poder deixar o menino chorando deste jeito. A conversa começa a virar discussão. Os vizinhos vão se aproximando. Em poucos minutos os gritos, tapas e puxões de cabelo tomam conta da cena. Ninguém quer entrar na briga.
Finalmente o pai da mãe aparece e termina com a baixaria. A mãe perdeu o pivô, a vizinha ficou com dores na cabeça por uma semana, e o menino levou uns dois sopapos no meio da briga.

15 junho 2010

Partida

Olhava sem parar o relógio amarelado, pendurado no alto da parede a sua frente. Mais alguns minutos e poderia se levantar. O trabalho de recepcionista não era dos piores.
As vezes, é claro, que alguns clientes se comportavam de forma inesperada, mas sempre conseguia contornar as situações. O relogio agora marcava a hora da liberdade. Calmamente levantou, arrumou suas coisas, e se dirigiu a porta. Nao fazia nada com pressa, para saborear mais ainda os momentos de pura liberdade que iria desfrutar.
O ar fresco da noite a fazia se sentir assim: livre.
Com um gesto rápido desprendeu os cabelos, e começou a caminhar pelas ruas que já conhecia como a palma da mão.Um sorriso brejeiro no rosto, um gingado no andar. Era bonita, e sabia bem disto. Por isso mesmo fazia questao de ir pra casa sozinha. O marido muitas vezes havia oferecido para busca-la, mas sempre inventava uma desculpa sobre o valor alto da gasolina, e sobre deixar o filho pequeno sozinho.
Este caminhar para ela, seria como o percorrer de um rio, lento e preguiçoso, faceiro e elegante.
Era feliz.
Sorria para as mulheres, brincava com as crianças, timidamente aceitava os galanteios masculinos. Até cantarolava baixinho velhas canções. Sempre parava na padaria do Sr. Jonas, onde o cheiro do pão quentinho, recem saido do forno, impregnava o ar,. Este pão era o alimento para a familia nas manhas.
Certamente, se estivesse a ver aquela cena sorriria tambem.
Agora, ja no principio da noite, podia ver as estrelas surgindo, e a lua clareando o restante do seu caminho.
Estava tão entretida a pensar em si mesma, que não percebeu o carro que vinha sem faróis e em alta velocidade.
Não teve tempo de dizer adeus ao filho que a esperava para concluir o trabalho escolar, nem ao marido que esperava, vendo televisão, o jantar. Não teve tempo de pedir a bênção para a mãe, nem pode terminar a organização do armário e a lavagem das roupas.
Hoje a velha vizinha não receberia a visita de solidariedade, nem a sopa quentinha.
Ela não assistiria a novela das oito, para ver o galã que, em segredo, sonhava beijar muitas vezes.
A sua irmã não teria com quem se queixar dos filhos adolescentes e preguiçosos, ou do marido bêbado e infiel. Não poderia compartilhar as suas dores e feridas de uma vida triste e miserável.
E as plantas do seu pequeno jardim? Quem se lembraria de regar? Quem alimentaria o gato? Quem cantaria para o filho dormir? Ela não teve tempo de ensinar o caminho árduo, porem feliz de crescer ao filho. Mas teve alguns segundos para pedir a Deus que o protegesse.
Não houve testemunhas. Somente aquele corpo, sem vida jogado no chão.

Partida.

14 junho 2010

Silencio

Silencio.
Como desejava alguns segundos de completo silencio. Este barulho a perturbava. Praticamente a enlouquecia. Cães latindo, crianças gritando, a buzina de um carro. Podia ouvir o barulho ensurdecedor da velha geladeira, e a torneira que não parava de pingar. Destinguiu o som da televisão, e em um pulo, a alcançou e com um clique, conseguiu diminuir o que a atormentava. Não conseguia se ausentar mais em seu mundo. E isto, por causa do tremendo barulho que se ouvia. Parece que o mundo estava contra ela.
- Deus, cale o mundo, pensou em gritar. Mas ate a sua voz seria muito naquele instante.
Os pássaros gorjeavam, pessoas falavam. O vizinho começou a bater com um martelo. Maldito vizinho, teve vontade de matá-lo. Mas não iria resolver, pois outros sons iriam continuar a aumentar a sua irritabilidade.
O vento batia na janela, e no bar, os bebados continuavam a falar com suas linguas enroladas. Duas senhoras matraqueavam sobre a vida alheia, e gargalhavam como se fossem velhas hienas. Não conseguia suportar tanto barulho.
Fechou os olhos, tapou os ouvidos mas mesmo assim podia ouvir.
Resolveu que não iria mais ficar ali, sofrendo, adiando a grande viagem. Abriu a gaveta, pegou a arma fria e pesada. Não poderia calar o mundo, mas iria se libertar. O telefone celular tremeu. Ainda bem que estava ligado no silencioso.
Calmamente se sentou na beirada da cama. Seria o ultimo som. Sentiu o disparo. E depois, em poucos segundos, o silencio completo.

12 junho 2010

Vida de Modelo 2

No corredor não pode esperar o elevador. O dinheiro em sua mão queimava, mas não conseguia abri-la.
Tinha pressa em sair dali, respirar o ar puro da manha, sentir-se livre novamente.
Os seis andares foram descidos as pressas.O barulho surdo das sandálias altas batendo no chão, a faziam se lembrar do som do martelo, que seu pai, todos os dias, durante os longos 16 anos que vivera com ele, provocava, fabricando as caixas para transportar verduras. Pobre homem, pobre trabalho. Desprezava aquela vida pobre, onde o que mas sobrava era a falta. Falta de dinheiro, falta de comida, falta de roupa.
Alcançou a escada. A manhã cheia de um sol dourado e morno a abraçou. Podia se sentir viva de novo.
Como amava as manhãs ensolaradas. Era como se revivesse, se tornasse novamente a sonhadora da noite anterior.
Mais calma agora, e cheia de si , olhou o dinheiro em sua mão.
Poxa vida , como havia sigo generoso o Sr. Maciel.
Pensou que poderia pegar um táxi até em casa. Assim evitaria todos os olhares no ônibus. Afinal, quem sairia as 8.00 da manha de casa, vestida como se fosse pra uma festa? Mas, pensando bem..e daí? Afinal ninguém tinha contas com sua vida, e com o dinheiro economizado poderia passar um tarde inteira no shopping. Respirou fundo e começou a caminhar para o ponto de ônibus.
O onibus chegou lotado e triste. Como eram tristes as caras daquelas pessoas. Não conseguia olhar nos olhos deles. Pareciam que estavam indo para a camara da morte. Ficou por alguns segundos imaginando
Sentou-se ao lado de uma senhora gorda e morena que falava alto ao telefone, tentando explicar para a patroa futil e insolente, que havia perdido o primeiro onibus da madrugada. Desligou o telefone, e dirigindo-se a ela, continuou a explicação. O filho, de apenas 3 anos, que ficava com as duas outras irmas de 12 e 10 anos, havia tido febre alta. Chorava bastante, e ela nao conseguia dormir. Meu Deus, o que tenho com isto? Ela pensava. Resolveu se isolar no seu mundo. Ela havia desenvolvido esta tática desde bem criança. Viajava para o seu mundo particular.
Enquanto o onibus rodava, a mulher falava, começou a sonhar.
Era uma jovem modelo, já bastante conhecida.
Desfilava em Paris, Milao e New York. Lindas roupas, joias deslubrantes. Contava agora com mais de 200 pares de sapatos. Todos colocados em prateleiras, separados por estilos e cores. Tinha verdadeira fascinação por sapatos. Passava horas olhando as vitrines, e, em muitas lojas, onde ainda os vendedores nao sabiam quem ela era, se arriscava a entrar e experimenta-los. Sempre preferia os mais altos e exoticos. Então, na sua miudez, se sentia a altura das outras mulheres. O onibus deu um solavanco. Acordou do seu devaneio.

08 junho 2010

Amanhecer

Acordou meio 'Zen'. A noite mal dormida havia sido um verdadeiro caos, alias como todas as ultimas noites desde que ela e o marido haviam se separado. Não sentiu nenhum animo para se levantar. Sentia um misto de frio e calor percorrer seu corpo. Era assim que se sentia, com esta ausensia do homem que estava acostumada a ver todas as manhas, nos ultimos 20 anos deitado ao seu lado.
Não pode esperar mais. Resolveu que ligaria agora para ele. Iria falar do grande amor que os unia, da perfeita união, do respeito que tinha por ele. Dos planos que fizeram juntos. Poderia inclusive convida-lo para uma viagem de 'segunda lua-de'mel', com as economias q fizera no ultimo ano.
Entao, com a voz doce e «aveludada, susurraria ao telefone o quanto estava carente, com o corpo quente, na cama sozinha, nua, enrolada nos lençois. Que podia ainda sentir as mãos tocando seu corpo, a lingua sugando sua boca, os dedos explorando seu prazer. O cheiro de homem misturado ao cheiro de seu suor, o extase arrebantando-a ate as estrelas. A boca quente descendo sobre seu corpo, e dança frenetica em busca de prazer. Ahhhh...Era arrebatador estar nos braços do unico homem que havia tocado seu corpo, e possuido sua alma.
Mas lembrou se de algo. Maldita lembrança. O homem a havia deixado por uma garota 20 anos mais jovem. Colocou o telefone de lado, baixou a cabeça no travesseiro e chorou.

07 junho 2010

Vida de modelo...

Silenciosamente acordou.
Havia um homem dormindo ao seu lado.
Lembrava-se vagamente daquele rosto.
Arrastando-se, levantou e procurou se ambientar. Onde estava? O que fazia naquele quarto luxuoso, com um homem que não se lembrava? Levantou-se. Estava nua. Sentiu um certo pudor. Não que a nudez a intimidava. Ao contrario. Com um corpo magnifico, belas pernas, rosto exótico, tinha o mundo aos seus pés. O pudor era de perceber que não se lembrava como havia ido parar ali. Logo ela, que havia prometido ser fiel ao namorado, que ate a semana passada ainda a beijava e chamava de meu bem. Bom, alem do amor que sentiam eles não tinham quase nada em comum. Um rapaz simples, morava em um bairro simples, de uma beleza simples, e sonhos simples. Ela, ao contrario, em toda sua juventude sonhava em alçar voo, conquistar o mundo.
Arrastou-se ate o banheiro. Precisava urgente urinar. Sentou-se na privada, agradecendo a Deus por nao precisar ir ate o banheiro mal cheiroso da quitinete que dividia com as três amigas. Precisava dar um faxina la, se lembrou. Mas estragar as unhas postiças caríssimas que havia colocado? Na próxima semana, quem sabe.
Aos poucos foi se recordando. A amiga Katia havia ligado em seu celular, quando ainda estava voltando pra casa, após percorrer quase todas as lojas do Shopping distribuindo curriculuns. Ainda preferia ir ao Shopping pois tinha certeza que algum olheiro a iria descobrir qualquer dia.
A amiga havia descolado dois super convites para uma festa na Grande Mansão. E adivinha quem estaria la? O Sr. Maciel. Viva...a grande chance que precisavam. Simplesmente era o nome mais badalado nas grandes agencias de modelos, revistas, blogs de moda em tudo onde se falava em beleza e glamour. Capricho no visual, la se foram elas.
Festa glamourosa. Duas lindas garotas, em vestidos exuberantes, maquiagem perfeita. Podia sentir os olhares masculinos de desejo e perceber os femininos de inveja.
Noite adentro, drinques, apresentações, sorrisos. Logo estavam no centro de um grupo de homens.Os assuntos eram diversos. Crise mundial, carros, conquistas amorosas, viagens a lugares paradisíacos. Quase meia-noite, e ela percebeu uma leve tontura. Mas nao era desagradável. Ajudava a relaxar e colocava um sorriso sensual em seus lábios. Aprendera, em uma revista feminina, que os homens gostam de mulheres bem humoradas. Uma hora da manha, as pessoas ja falavam mais alto. Sentiu um toque em seu ombro. Era a amiga, apresentando-lhe o Sr. Maciel. Bem, nao era tao jovem quanto aparecia nas revistas e televisao. Mas era o Homem que iria abrir-lhe as portas das passarelas, e junto com elas todo o glamour, fama e dinheiro que tanto sonhava.
Em seus lábios o melhor sorriso, uma sensualidade no olhar...
Acordou neste quarto.
Levantou-se da privada. Pela cortina cortina branca e fina, viu o sol beijando timidamente a manha. Precisava sair dali. Lavou do rosto a maquiagem borrada. Era bela. Mas havia perdido o brilho no olhar. Sentiu náuseas, quis vomitar. Nao tinha tempo.
Rapidamente se vestiu, desejando os shorts velhor e a camiseta rosa larga.
Abriu a porta e estava saindo, quando ouviu uma voz lhe chamando...
Ei, Psiu, Garota... seu pagamento.
Voltou-se, olhou para aquele homem.
Aproximou-se, e silenciosamente, pegou o dinheiro e foi-se embora.

Frases..

«A saudade que sinto não me consome. Ao contrário. Ela acrescenta um tom perfumado a minha vida...

O Garotinho...

O Garotinho...


Pareceu estranho no primeiro instante. Mas em seguida, ela que é a Mãe, compreendeu a situação. Compreendeu, mas não aceitou, e tinha grandes argumentos.
Então o ¨seu filho¨, que ela sempre teve o maior cuidado, carinho e amor, havia decidido que era hora de partir?
Não que ela esperasse que eu passaria toda a juventude ao lado dela. Claro que não. Afinal não criamos os filhos para nós mesmos. Criamos os filhos para o mundo.
Mas será que ele não poderia ter esperado um pouco mais? Logo agora que a irmã adolescente estava tão rebelde? Então se a menina ficasse mais alguns dias sem falar com ela, quem iria se fazer de ponte, transmitindo ordens e recados?
Logo agora, que ela havia 'ate q enfim', conseguido se livrar daquele namorado complicado e sem futuro, e não teria companhia para as noites de sábado?
E quando ela tomasse algumas cervejas na casa do irmão..Quem viria dirigindo o carro, que alias estava muito precisando ir a oficina, mas ela não esta acostumada mais a levar, afinal ele que cuida disto agora. E a dieta...como iria ficar? ela não conseguiria continuar fazendo sem o incentivo do filho.
E a noite, quando o tédio batesse, quem iria chegar com jeitinho e carinho, e dizer.. Mãe, faz um chá pra mim?
O vide-game, os filmes de aventura tipo Piratas do Caribe. Que graça vai ter, sem ele pra ver junto?
Não...Ela não pode permitir a partida deste filho.
O gato vai sentir a falta dele. Os vizinhos vao perguntar pelo filho tao educado e carinhoso dela. E ela vai acabar chorando de saudades.
Mas mãe, eu preciso continuar a minha vida. Ja tenho 19 anos, vou trabalhar e estudar. E afinal, mãe, são apenas 50 KM. Venho visita-la todos os finais de semana. Te amo...
Sim. Ela sabe. E sabe que ele virá nas primeiras semanas, talvez nos primeiros meses. Mas a vida vai mudar. Ele cresceu. Mas, pra ela, ainda é o seu garotinho..